quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CHAMADO À MATURIDADE




Vendo as notícias sobre o desastre causado pelo terremoto no Haiti na segunda semana de Janeiro de 2010, fiquei pensando no quão precárias continuam sendo as condições de vida da espécie humana sobre o planeta, apesar de todo o avanço científico atual. Em pleno século XXI continuam a existir doenças como malária e febre amarela, miséria e fome em vários países, guerras tribais na África, atentados terroristas cometidos por fanáticos religiosos, desrespeito aos direitos humanos básicos, taxas de natalidade altíssimas em países pobres, além da poluição desenfreada do planeta, causada pelos países ricos.

Quando será que a raça humana, como um todo, vai amadurecer? Já não bastassem os desastres naturais, o homem ainda consegue piorar a situação. A concentração da riqueza mundial nas mãos de poucos, a ganância desenfreada dos bancos e empresas multinacionais por lucros, a globalização de um capitalismo “canibal” - no qual o que vale mais é o dinheiro e não o ser humano - e a corrupção nos governos e nas grandes empresas, só para citar, são alguns dos problemas causados pelo próprio homem, problemas esses que emperram um verdadeiro desenvolvimento da espécie humana no planeta.

Além de tudo, já estamos sofrendo com a irresponsabilidade dos governos estabelecidos em relação à poluição. A quantidade de peixes, pescada a cada ano, diminui assustadoramente, apesar dos oceanos cobrirem mais de dois terços da superfície do planeta. E isso é para se preocupar, pois o pescado é a base da alimentação de dezenas de países, já que sessenta por cento da população mundial mora e trabalha próximo ao litoral. Imagine-se a enorme quantidade de dejetos despejados diariamente no mar - sem tratamento - por mais de três bilhões de pessoas. Peixes, tartarugas marinhas, pinguins e até focas e mamíferos aquáticos de maior porte - que habitam as águas mais frias – morrem por ingerir plástico! Não bastasse a poluição dos mares, cientistas sérios já dizem que, se não houver diminuição no atual ritmo da pesca industrial (com redes), várias espécies serão extintas e haverá falta de peixe antes do ano 2040. Mais de um século atrás, no livro “20.000 léguas submarinas”, o visionário Júlio Verne já alertava que a raça humana, em sua inconseqüência e irresponsabilidade, acabaria com os peixes do mar, restando somente moluscos e águas-vivas. A espécie humana está “cuspindo no prato em que come”, literalmente.

Tudo isso é piorado ainda mais com taxas de natalidade absurdamente altas, justamente nos países mais pobres. Neles impera a hipocrisia religiosa, principalmente da Igreja Católica, que é declaradamente contra o controle de natalidade. Afinal, instituições religiosas só prosperam explorando a boa fé das pessoas mais humildes e com pouca instrução (não me refiro a doutrinas ou filosofias, e sim aos seus dirigentes). Ainda em relação ao crescimento demográfico mundial, um outro dado é assustador. Por volta de 1950 existiam aproximadamente três bilhões de seres humanos no planeta. No ano 2000 já éramos mais de seis bilhões. Ou seja, a população do planeta mais que dobrou em apenas cinqüenta anos. E os prognósticos são de que irá dobrar de novo, para doze bilhões, em quase metade desse tempo. Como faremos para alimentar e matar a sêde de tantas pessoas se o planeta é finito?

O aumento descontrolado da pressão demográfica mundial sobre os recursos naturais é a raiz de problemas como desemprego, fome, miséria, falta de moradia, falta de água potável, etc... mas nenhuma autoridade ou instituição se preocupa realmente com isso.

Não temos dois planetas Terra, somente um. Nossos recursos são limitados unicamente ao planeta em que habitamos. Temos que repensar todo o nosso sistema econômico. Muitos pregam que a diminuição no ritmo do consumo mundial traria problemas de desemprego, mas é justamente o contrário. Novos empregos e serviços seriam criados. O que as grandes empresas multinacionais não querem é perder seu mercado, garantido às custas da predação sem fim dos recursos planetários, fornecidos de graça pela Natureza. Nós, cidadãos comuns, temos que pressioná-las a investir numa produção auto-sustentável, através da reciclagem e reuso de materiais. Devemos pressionar para a criação de uma lei do “desperdício zero” nos governos, nas empresas e nas indústrias.

Devemos agir do mesmo modo em nossas residências, armazenando separadamente as embalagens recicláveis – papel, madeira, plástico, vidro, metal - do lixo orgânico. Assim, estaremos usando o lixo de modo inteligente, como fonte de renda. E devemos cobrar dos governantes que a coleta seja totalmente seletiva: cada dia da semana coletando um tipo de material, ou usando caminhões específicos para cada material. No caso do lixo orgânico, este pode ser transformado em gás e adubo, através da técnica da compostagem – em escala industrial – rendendo enormes lucros a quem se interessar em fazê-lo. Desse modo acabaríamos de vez com os lixões, verdadeiras chagas cancerígenas no planeta, e motivo de vergonha para uma espécie que se diz inteligente.

(continua)



Devemos direcionar todos os nossos esforços em prol da preservação dos recursos naturais, que são a garantia de um futuro para toda a espécie humana. Comparada ao tamanho do planeta, toda nossa civilização é como a uma delicada folha de ouro, que se rompe ao mais leve toque. Toda a biosfera da Terra – a camada onde existem condições para vida animal e vegetal - se resume a uma fina casca com aproximadamente seis quilômetros de espessura - três acima e três abaixo, a partir da superfície do mar. Estamos no século XXI ! Já sabemos que qualquer evento cósmico de maiores proporções, como a queda de um meteoro gigante, o aquecimento global, ou uma explosão solar mais intensa - como mostrado nos filmes “Impacto Profumdo”, “O dia depois de amanhã”, “Presságio” e “2012” – pode pôr um fim á espécie humana, do mesmo modo como aconteceu aos dinossauros. E isso quase aconteceu 10.500 anos atrás, quando um asteróide gigante caiu na Terra e causou o Dilúvio descrito na Bíblia, fazendo a espécie humana regredir à Idade da Pedra (mais informações no livro “O fim de Atlântida” do arqueólogo e cientista alemão Otto Muck). Mas, vendo a atual situação do planeta, é mais provável que a causa da extinção da espécie humana sejamos nós mesmos. O roteiro do filme “O dia depois de amanhã” não é uma ficção, mas uma extrapolação. Foi baseado no livro “The coming global superstorm” (“A futura Super-tempestade global”) escrito por dois cientistas sérios, Art Bell e Whitley Strieber. Eles afirmam, com provas cientificas, que o delicado equilíbrio climático do planeta está prestes a terminar numa nova era glacial, e que a causa disso é a poluição do ar provocada pela espécie humana. Rezo para que estejam errados.

E agora me dirijo, principalmente, aos ricos e poderosos, que porventura venham a ler essas linhas, citando o escritor Arthur C. Clark: “a Terra é o “berço” da espécie humana, mas não podemos viver no berço para sempre”. Devemos parar de agir como crianças mimadas, egoístas, fúteis e esbanjadoras, que perdem um tempo precioso com inutilidades. Gastar mais de mil dólares em uma garrafa de vinho não é só esbanjar dinheiro. É um ato indecente e absurdo, que revela a personalidade do esbanjador: uma pessoa exibicionista, infantil e irresponsável. Uma das frases mais importantes do mundo foi escrita por Stan Lee, o mestre dos quadrinhos, para o tio de Peter Parker (o Homem-aranha), e diz: “...com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Nesse mundo, cheio de pessoas carentes e famintas, os ricos e poderosos têm a obrigação moral de usar seus recursos de modo mais responsável e humano. Juntos, podem fazer muito mais do que adotar crianças de paízes africanos ou distribuir comida na frente das câmeras. Por exemplo: investir em usinas de reciclagem, urbanização ecológica, energia solar e eólica, metrôs e ferrovias, etc... Em países como Canadá e Finlândia o planejamento a longo prazo tem gerado muitos empregos. Quando um povo tem organização, metas claras e planejamento a longo prazo, esse povo chega ao futuro na frente de outros.

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, já dizia o sábio Lavoisier. Devemos usar essa sabedoria e copiar a Natureza, com a ciência e a tecnologia que já estão à nossa disposição. Vamos entrar, como espécie, na idade adulta, explorando o mínimo possível dos recursos do planeta, e otimizando o uso desses recursos ao máximo. Vamos cuidar bem de nossa casa comum, nosso planeta, e de nós mesmos, com honestidade, inteligência, responsabilidade, planejamento de longo prazo, trabalho duro, e principalmente respeito ao planeta em que vivemos. E talvez, num futuro não muito distante, a espécie humana consiga finalmente sair do “berço” e alcançar o móbile infinito, com o qual a Providência nos fascina desde que o primeiro ser humano olhou maravilhado para o céu estrelado. Como escreveu Gene Roddenberry, criador de Star Trek: “...audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve”.



Siegfried Klein Martins - Professor de música - tel : 8445-5078 - Rio de janeiro, 30 - abril – 2010



P.S.: o termo “urbanização ecológica” envolve o uso de vários conceitos de modo integrado. Um deles é o das cidades verticalizadas (como Nova York), conectadas entre si por ferrovias. Estas cidades seriam compostas por supercondomínios verticais, cercados por parques arborizados e interligados por linhas de metrô e ônibus. Uma cidade vertical bem planejada, e atendida por um sistema de transporte público eficiente, diminui distâncias e tempo no deslocamento. As duas idéias dão ênfase ao transporte coletivo - mais eficiente e econômico – em detrimento ao transporte individual, principal causa da poluição do ar nas cidades. Também valoriza o verde, minimizando ao máximo a área desmatada para as construções. Estas poderiam ter formato piramidal, em degraus avarandados, para coleta de água da chuva (que seria armazenada em cisternas subterrâneas), e painéis solares para fornecimento de energia. Tudo isso seria viável com a atual tecnologia de construção em concreto armado.



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